A violência doméstica contra a mulher é
resultado dos vestígios de uma cultura patriarcal e machista onde o agressor se
sente dono da vítima, visto que, muitas vezes aprendeu, no seio familiar
degradado, que podia “mandar” nas mulheres (PEREIRA DA SILVA, et al, 2016).
No Brasil, segundo estudo realizado pelo IPEA,
no período de 2011 a 2013, foram registrados 17.581 feminicídios, o que
equivale a uma taxa de mortalidade de 5,87 óbitos por 100.00 mulheres, sendo as
principais vítimas as adolescentes e jovens, negras e residentes nas regiões
Centro-Oeste, Nordeste e Norte (GARCIA; MARQUES DA SILVA, 2016). Apenas no ano
de 2013, entre janeiro a julho, foram registradas 306.201 ocorrências pela
Central de Atendimento à Mulher (PEREIRA DA SILVA et al, 2016).
A partir dos anos 1970, surge o corpo feminino
como arte autônoma, promovendo a transfiguração de seu sentido e uso, como
lugar de produção de sentido às questões femininas, e nesta tomada de posse o
corpo é usado em ações de protesto (ASSIS, 2017).
Foi proposto em sala de aula, de forma livre,
uma apresentação cujo tema central fosse “A
Morte”, e que na construção deste trabalho fossem abordadas a matemática e
a computação. Seguindo a ideia de usar o corpo como ação de protesto, aliado à
tecnologia 3D, o tema escolhido pela equipe foi o "Feminicídio no Brasil" , para isso foi construído um símbolo em 3D contra o feminicídio pelos
alunos Eugênio Daniel, Gleice Istael e Ingrid Loyola. Para a construção os
alunos usaram o programa Paint 3D disponibilizado pelo Windons 10. Através do editor de vídeo Wondershare Filmora, as imagens captadas pela internet puderam interagir com a escultura 3D construída pelo grupo.
Neste vídeo a figura construída em 3D ficava girando e ao fundo apareciam fotos em preto e branco de mulheres agredidas juntamente com um áudio onde eram fornecidos dados sobre a violência contra a mulher na última pesquisa do IPEA.
Neste vídeo a figura construída em 3D ficava girando e ao fundo apareciam fotos em preto e branco de mulheres agredidas juntamente com um áudio onde eram fornecidos dados sobre a violência contra a mulher na última pesquisa do IPEA.
Segue link do Youtube com o vídeo produzido
pelos alunos:
Além do vídeo, foi construída uma escultura física
pelos discentes, utilizando isopor, fita de cetim branca, EVA preto, papel
cartão preto, caneta preta, cola de isopor e tinta vermelha, procurando seguir
os mesmos padrões da escultura 3D produzida utilizando tecnologia
computacional.
Segue fotos do processo
de construção da escultura física:
Discentes durante o processo de construção da escultura física
Processo de construção da escultura física
Escultura física apresentada em sala
A performance foi apresentada na Universidade Federal
do Sul da Bahia, no campus Jorge Amado, cidade de Itabuna-BA, no dia 15 de maio de 2018. Para a performance, os
discentes escolheram uma sala de aula onde a iluminação foi reduzida ao máximo,
pregaram tiras de TNT preto no teto por toda extensão da sala, procurando
ocasionar um impacto visual. Durante a apresentação, as discentes Ingrid
Loyola, Gleice Istael e Patrícia Dias (aluna convidada pela equipe) se
maquiaram, como se tivessem sido espancadas e posicionaram na sala com
iluminação indireta, se mantiveram em silêncio durante a apresentação do vídeo,
com a escultura física pendurada próxima.
Segue abaixo fotos realizadas ao final da
performance onde dá para visualizar em parte a escultura física construída, bem
como as discentes simbolizando as mulheres vítimas de feminicídio todos os dias
no Brasil.
Foto da equipe após a performance
Foto da equipe após a performance
Foi observado após a apresentação que o objetivo
proposto acerca da reflexão foi alcançado, visto que muitos dos espectadores
vieram ao término dos trabalhos dialogar com os autores, informando o quando se
sentiram impactados pela abordagem utilizada para a apresentação.
Referências:
ASSIS, S. A. B. de. As formas de resistência feminina na arte do
protesto da Amazônia Brasileira. In: Seminário
Internacional Fazendo gênero 11 & 13 Women´s Worlds Congress (anais
eletrônicos), Florianópolis, 2017.
EUGÊNIO
Daniel. Perspectivas Matemáticas e
Computacionais – parte computacional
do trabalho. Categoria Educação.
Postado em 15 de maio de 2018.
GARCIA, L. P., MARQUES DA SILVA, G. D. Mortalidade de mulheres por
agressões no Brasil: perfil e estimativas corrigidas (2011-2013). Textos para Discussão - Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (TD 2179), Brasília, fevereiro 2016.
Disponível em: Mortalidade de mulheres por agressões no Brasil: perfil e estimativas corrigidas (2011-2013).
PEREIRA DA SILVA, J., et al.
Violência Doméstica no Brasil. Revista
do Curso de Direito da UNIABEU, Rio de Janeiro, v 6, n 1 - janeiro-junho, p
67- 78, 2016.
Disponível em: Violência Doméstica no Brasil.