terça-feira, 15 de maio de 2018

PERFORMANCE NA LUTA CONTRA O FEMINICÍCIO - USANDO FERRAMENTAS COMPUTACIONAIS COMO FORMA DE PROTESTO


A violência doméstica contra a mulher é resultado dos vestígios de uma cultura patriarcal e machista onde o agressor se sente dono da vítima, visto que, muitas vezes aprendeu, no seio familiar degradado, que podia “mandar” nas mulheres (PEREIRA DA SILVA, et al, 2016).
No Brasil, segundo estudo realizado pelo IPEA, no período de 2011 a 2013, foram registrados 17.581 feminicídios, o que equivale a uma taxa de mortalidade de 5,87 óbitos por 100.00 mulheres, sendo as principais vítimas as adolescentes e jovens, negras e residentes nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte (GARCIA; MARQUES DA SILVA, 2016). Apenas no ano de 2013, entre janeiro a julho, foram registradas 306.201 ocorrências pela Central de Atendimento à Mulher (PEREIRA DA SILVA et al, 2016).
A partir dos anos 1970, surge o corpo feminino como arte autônoma, promovendo a transfiguração de seu sentido e uso, como lugar de produção de sentido às questões femininas, e nesta tomada de posse o corpo é usado em ações de protesto (ASSIS, 2017).
Foi proposto em sala de aula, de forma livre, uma apresentação cujo tema central fosse “A Morte”, e que na construção deste trabalho fossem abordadas a matemática e a computação. Seguindo a ideia de usar o corpo como ação de protesto, aliado à tecnologia 3D, o tema escolhido pela equipe foi o "Feminicídio no Brasil" , para isso foi construído um símbolo em 3D contra o feminicídio pelos alunos Eugênio Daniel, Gleice Istael e Ingrid Loyola. Para a construção os alunos usaram o programa Paint 3D disponibilizado pelo Windons 10. Através do editor de vídeo Wondershare Filmora, as imagens captadas pela internet puderam interagir com a escultura 3D construída pelo grupo.
 Neste vídeo a figura construída em 3D ficava girando e ao fundo apareciam fotos em preto e branco de mulheres agredidas juntamente com um áudio onde eram  fornecidos dados sobre a violência contra a mulher na última pesquisa do IPEA.
Segue link do Youtube com o vídeo produzido pelos alunos:


Além do vídeo, foi construída uma escultura física pelos discentes, utilizando isopor, fita de cetim branca, EVA preto, papel cartão preto, caneta preta, cola de isopor e tinta vermelha, procurando seguir os mesmos padrões da escultura 3D produzida utilizando tecnologia computacional.
            Segue fotos do processo de construção da escultura física:
Discentes durante o processo de construção da escultura física


Processo de construção da escultura física
Escultura física apresentada em sala
A performance foi apresentada na Universidade Federal do Sul da Bahia, no campus Jorge Amado, cidade de Itabuna-BA, no dia 15  de maio de 2018. Para a performance, os discentes escolheram uma sala de aula onde a iluminação foi reduzida ao máximo, pregaram tiras de TNT preto no teto por toda extensão da sala, procurando ocasionar um impacto visual. Durante a apresentação, as discentes Ingrid Loyola, Gleice Istael e Patrícia Dias (aluna convidada pela equipe) se maquiaram, como se tivessem sido espancadas e posicionaram na sala com iluminação indireta, se mantiveram em silêncio durante a apresentação do vídeo, com a escultura física pendurada próxima.
Segue abaixo fotos realizadas ao final da performance onde dá para visualizar em parte a escultura física construída, bem como as discentes simbolizando as mulheres vítimas de feminicídio todos os dias no Brasil.
Foto da equipe após a performance
Foto da equipe após a performance

Foi observado após a apresentação que o objetivo proposto acerca da reflexão foi alcançado, visto que muitos dos espectadores vieram ao término dos trabalhos dialogar com os autores, informando o quando se sentiram impactados pela abordagem utilizada para a apresentação.



Referências:
ASSIS, S. A. B. de. As formas de resistência feminina na arte do protesto da Amazônia Brasileira. In: Seminário Internacional Fazendo gênero 11 & 13 Women´s Worlds Congress (anais eletrônicos), Florianópolis, 2017. 


EUGÊNIO Daniel. Perspectivas Matemáticas e Computacionais – parte computacional
do trabalho. Categoria Educação. Postado em 15 de maio de 2018. 

GARCIA, L. P., MARQUES DA SILVA, G. D. Mortalidade de mulheres por agressões no Brasil: perfil e estimativas corrigidas (2011-2013). Textos para Discussão - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (TD 2179), Brasília, fevereiro 2016.
Disponível em:  Mortalidade de mulheres por agressões no Brasil: perfil e estimativas corrigidas (2011-2013).


PEREIRA DA SILVA, J., et al. Violência Doméstica no Brasil. Revista do Curso de Direito da UNIABEU, Rio de Janeiro, v 6, n 1 - janeiro-junho, p 67- 78, 2016.
Disponível em: Violência Doméstica no Brasil.